Em 2015, um protocolo de Gestão Responsável dos Resíduos da Indústria da Confecção foi elaborado para ajudar empresas do ramo a reduzir em 25% suas sobras de tecido, uma parceria do Sistema Firjan com a empresa friburguense Lucitex. Segundo a gerente da marca, Letícia Layola, é utilizado, por exemplo, um software para o corte das peças e 80% do tecido é aproveitado. Ou seja: apenas 20% é descartado e de forma correta (duas a três toneladas de tecidos por mês), por meio de uma empresa autorizada a fazer o serviço, que, inclusive, também pretende utilizar parte desses resíduos para fabricação de proteção para automóveis. Ainda assim, a marca doa bojos, tecidos e laços para artesãos de Nova Friburgo.
A CCM, empresa friburguense que também estará na Fevest 2018, assim como a Lucitex, armazena seus resíduos em um galpão e, a cada 15 dias, a Consensus Friburgo – Gerenciamento de Resíduos, busca esse material para dar a destinação correta, e fornece o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), documento obrigatório que contém as informações sobre esses resíduos sólidos, informando desde a fonte geradora até a destinação final, documento este que é bem visto por empresas que assinam grandes contratos comerciais.
A partir dessas informações do Manifesto, que os órgãos ambientais conseguem monitorar e controlar a movimentação de resíduos perigosos nos âmbitos estadual e interestadual, além de combater a comercialização ilegal e o descarte irregular desse tipo de lixo. Mas nem tudo vai parar no lixo, segundo Rodrigo Tardin Guerardt, supervisor de manutenção da CCM: “No dia do Colaborador (25 de maio – Dia da Costureira), fabricamos 200 mochilinhas, para dar de presente aos colaboradores; também fabricamos tanguinhas, e doamos alguns sacos de aparas para artesãos que nos pedem”.
Assim como a empresa Consensus, a Cerfra – Centro de Reciclagem Fragoso, que até pouco tempo tinha apenas sua sede em Cachoeiras de Macacu, se instalou recentemente em Nova Friburgo para oferecer solução em gestão de resíduos e destinação adequada e responsável às confecções do polo de moda íntima, praia e fitness. As mentes empreendedoras e inconformadas com as atuais destinações e utilização dos resíduos sólidos recicláveis fizeram José Geraldo Fragoso de Queiroz e sua esposa Karine a pensarem em uma empresa na área ambiental que tivesse o objetivo de colaborar para que mais materiais fossem reciclados, diminuindo assim a quantidade de resíduos descartados, e que respeitasse o ser humano e o meio ambiente. Depois de muitos estudos, pesquisas e licenças ambientais para atuar, a empresa se prepara para coletar, fazer triagem e dar a destinação adequada aos resíduos têxteis.
Segundo Leo Rodrigues, da Lia Lou Fashion e conselheiro no Fórum da Moda da Firjan, daqui a dois anos espera-se um resultado mais positivo para reduzir o atual impacto social e ambiental com relação aos resíduos têxteis. Seu otimismo deve-se às pesquisas que faz em busca de novas tecnologias para resolver a questão. Em contato com a Uerj, por exemplo, Leo acompanha o desenvolvimento de uma máquina, que está sendo chamada de Recicladora, que tem como objetivo transformar em pó os resíduos sólidos do polo e, junto com outros materiais, ser útil para a construção civil e até mesmo à movelaria.
Essa grande teia formada por atores do Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo e Região, conta com o apoio da Prefeitura de Nova Friburgo, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que criou recentemente a gerência de Resíduos Sólidos, tendo à frente Dalva Brust. Segundo ela, empresas formais descartam corretamente de 300 a 400 toneladas por mês, de resíduos têxteis.
“Sabemos que ainda há muito o que fazer para reduzir esse impacto no meio ambiente. Por isso estamos em um momento de incentivar a formalização, orientar e aproximar essas empresas das que já fazem o descarte correto. São retalhos pequenos, fios variados e altamente infláveis, mas um resíduo extremamente rico, que pode servir, inclusive, para reforma de mobiliário urbano da cidade. A responsabilidade deve ser compartilhada com o cidadão, que consome, o comércio, que vende, a prefeitura, que fiscaliza, e a indústria, que produz”, destaca Dalva.
Produto ecologicamente correto
A EcoModas, uma empresa também de Nova Friburgo, mas que produz alpargatas ecologicamente corretas, reaproveita resíduos das confecções de moda praia e fitness (tecidos de poliamida e poliéster) das confecções do polo. A palmilha é proveniente do reaproveitamento de 20 gramas de espumas de bojos gerados por fábricas instaladas na cidade. O solado é feito a partir da reciclagem de 130 gramas de plásticos retirados do meio ambiente, e o forro do calçado, usado na parte interna, é oriundo da reciclagem de cerca de 30 gramas de garrafa pet, ou seja, a mesma foi derretida e transformada em fios que, seguidamente, foi levada à tecelagem para se transformar em tecido, e até mesmo o processo de estampa usada para ilustrar o respectivo forro é feito de maneira limpa sem agredir o meio ambiente.
A Fevest, que chega a sua 28ª edição, é uma realização do Sindvest (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo e Região), promovida pelo Sistema Firjan e Sebrae, com o apoio do Conselho da Moda, Prefeitura de Nova Friburgo, Nova Friburgo Country Clube, e organização da Teia de Eventos.
FEVEST FESTIVAL 2018 – Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-prima
Data: De 04 a 08 de julho de 2018
Horário: Das 13h às 20h. Nos dias 07 e 08, sábado e domingo, das 10h às 20h.
Local: Nova Friburgo Country Clube
Endereço: Av. Conselheiro Julius Arp, 140 – Nova Friburgo – RJ
Credenciamento e programação no site Fevest Festival
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